22 anos do vendaval em Cuité - Jornal Diário do Curimataú

 


Gustavo Moura -

O vendaval aconteceu exatamente, há 22 anos, no dia 28 de dezembro de 1999 e a cidade foi devastada. Os ventos derrubaram as árvores da sua rua principal, destruíram moradias dos populares, derrubaram a sede da prefeitura na época e, por consequência, trouxe um prejuízo enorme na infraestrutura local como também na economia e, principalmente no imaginário social.

O evento aconteceu faltando apenas três dias para a passagem ao ano 2000 e essa data se relacionava com algumas profecias milenaristas, dentre estas, existia a ideia de que o mundo iria acabar nesse período. Quando os habitantes perceberam a destruição eminente, muitos assimilaram o que estava acontecendo com a realização dessas profecias.

O evento em si aconteceu da seguinte forma: a escuridão tomou conta da cidade num primeiro momento, em decorrência da formação de nuvens escuras, e depois quando a energia elétrica da região se desligou. Esse foi um dos momentos de maior apreensão na cidade e ajudou a aumentar ainda mais o medo dos moradores.

A chuva se arrastou por toda a noite, mas a presença dos ventos mais fortes durou cerca de 13 minutos. Ao sentirem a destruição, algumas pessoas tiveram diversas reações provocadas pelo medo natural de estarem naquela situação. Algumas tiveram palpitações, outras ficaram paralisadas, algumas correram pra debaixo das mesas, outras ficaram em pânico por verem a destruição de suas casas.

Naquele contexto, já existia internet e aparelho celular no território brasileiro, mas as formas de comunicação daquele contexto na cidade de Cuité se davam com tecnologias menos avançadas, naquela época ainda era utilizado telefone fixo e envio de cartas escritas. Nesse cenário, portanto, não era possível fazer a comunicação com pessoas de outras cidades e conclui-se que elas não tinham a noção concreta de que se tratava de um desastre localizado. Para a percepção de muitos, aquilo poderia ser algo de magnitude mundial, sendo comparado, como afirma alguns entrevistados, a passagem do Dilúvio na Bíblia.

Após o cessar dos ventos, a população pôde começar a tomar consciência da real magnitude do desastre e o que ele impactou na infraestrutura e no seu campo social.

Em relação as moradias, várias casas ficaram parcialmente destruídas, com as telhas quebradas, muitas antenas parabólicas voaram, muros foram destronados. Segundo o Jornal da Paraíba (1999) cerca de 300 moradores ficaram desabrigados, todos os prédios públicos sofreram abalos e o 20 pacientes do Hospital Pedro Viana foram feridos com o desmoronamento do telhado.


Na rua 25 de Janeiro, principal avenida da cidade, algumas árvores do canteiro caíram em efeito dominó e outras, invadiram algumas casas, chegando a derrubar algumas muradas. O prédio da prefeitura na época, foi totalmente devastado pelas chuvas e, naquele dia, e as pessoas que se encontravam no interior do prédio, tiveram risco de vida, mas conseguiram sobreviver. O local ficou sem condições de continuar seu funcionamento e a sede foi transferida, provisoriamente para uma escola do município. Posteriormente foi transferida em definitivo para a Rua 15 de Novembro, onde permanece até os dias de hoje.



Como a energia elétrica estava comprometida, a consciência do impacto que se passou na cidade só foi ser revelada de fato ao amanhecer do outro dia. As pessoas saíam de suas casas e a sensação dos cuiteenses ao ver a cena de destruição do seu lugar social foi de que havia se instaurado o caos na cidade.

O prefeito em exercício da época, Osvaldo Venâncio dos Santos, decretou estado de calamidade pública e de Emergência com objetivo de reconstruir as obras danificadas. Esse dispositivo permite que um município prejudicado por uma situação de anormalidade ou de um desastre que cause danos à determinada comunidade receba recursos de outros entes para sua recuperação.

Posteriormente a cidade foi aos poucos se recuperando, mas o dia 28 de dezembro de 1999, foi marcado na História de Cuité e da região, como sendo um momento de aflição pelo desastre, mas também de alívio muito grande por não ter sido registrado nenhuma vítima fatal na cidade.



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