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A Prefeitura de São Paulo mudou a orientação para os infectados com coronavírus, após o avanço da variante P.1, descoberta em Manaus, em janeiro. De acordo com a prefeitura, agora as pessoas devem procurar uma unidade de saúde assim que surgirem os sintomas, e não mais quando se agravarem. A mudança foi requerida devido ao agravamento rápido do quadro de saúde, mais jovens atingidos e tempo de internação maior.
À BBC News Brasil, o secretário municipal de saúde, Edson Aparecido, afirmou que não só o processo de internação é mais longo, como a presença do vírus no sangue e o agravamento muito repentino na P.1. “Há relatos do atendimento na ponta de jovens que são internados e em 24 horas já precisam ser intubadas. Literalmente isso”, disse.
Levantamentos apontam que a variante, mais contagiosa, já está presente em mais de 80% dos pacientes da Grande São Paulo no início de março. A P.1 tem avançado rapidamente em outras partes do país. No Rio de Janeiro, estima-se que a incidência dela passou de 67% em fevereiro para quase 100% em abril.
De acordo com um levantamento da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), baseado em quase metade dos 55 mil leitos de UTI do país, apontou na onda atual um aumento de 40% no número de pacientes que precisaram ser intubados e receber ventilação mecânica. Uma das principais características associadas à nova variante é a maior incidência entre os mais jovens. A maioria dos casos registrados em 2021 em São Paulo, por exemplo, se concentra entre pessoas de 20 a 54 anos. Dados do governo paulista apontam que na primeira onda da pandemia mais de 80% dos leitos UTIs eram ocupados por idosos e portadores de doenças crônicas, e agora 60% das vagas são ocupadas por pessoas de 30 a 50 anos, a maioria sem doença prévia. Dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) apontam alta de 17% nos pacientes de até 40 anos em UTIs.
A reportagem da BBC aponta que a principal hipótese é devido à grande exposição de pessoas dessa faixa etária, que não podem deixar de sair para trabalhar ou de circular em transportes públicos, além disso, há também os que não deixam de frequentar festas.
Um estudo liderado por pesquisadores brasileiros que foi publicado na revista Science em 14 de abril apontou que, munida dessas mutações, a variante P.1 surgida em meados de novembro de 2020 pode ser até 2,4 vezes mais contagiosa.
A mudança no protocolo da Prefeitura de São Paulo mira principalmente os mais jovens porque esse grupo tende a procurar atendimento mais tardiamente, quando a doença está bastante agravada, muitas vezes de forma silenciosa.
É importante deixar claro que não há um tratamento precoce contra o coronavírus que tenha se mostrado eficaz. E a recomendação de buscar atendimento logo nos primeiros dias de sintomas não inclui medicamentos capazes de evitar o agravamento de alguma forma, mas sim um acompanhamento especializado da evolução dos sintomas, com consultas e exames.
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