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De acordo com o site da campanha Setembro Amarelo,
todos os anos são registrados cerca de doze mil suicídios no Brasil e mais de
um milhão no mundo. Segundo a cartilha ‘Suicídio: informando para prevenir’, o
número de vidas perdidas desta forma, anualmente em todo o mundo, ultrapassa o
número de mortes decorrentes de homicídio e guerra. Cada caso impacta
seriamente a vida de outras seis pessoas. A escalada é alarmante. Estima-se que
até 2020 poderá haver um incremento de 50% na incidência anual de mortes por
esta causa.
Girassol é símbolo de campanha
Todas as manhãs o girassol parte em busca do sol, seguindo a
luminosidade insistentemente, porque precisa dela para crescer e florescer.
Mesmo quando o sol está escondido entre as nuvens, a flor gira persistente,
apesar da dificuldade, em direção à luz. Em alusão a esse comportamento da
natureza, o girassol foi escolhido como símbolo da campanha Na Direção da Vida
– Depressão sem Tabu, iniciativa do movimento mundial Setembro Amarelo, que tem
o objetivo de abrir o diálogo e alertar a sociedade sobre o tema.
A campanha conduzida pela Upjohn, uma das divisões de um
laboratório farmacêutico focada em doenças crônicas não transmissíveis, em
parceria com a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de
Transtornos Afetivos (Abrata) e participação do Centro de Valorização à Vida
(CVV), trará ações digitais e de rua para combater os estigmas da depressão. O
trabalho tem ainda o apoio de músicos, esportistas e influenciadores digitais
que já passaram ou passam pelo problema, dividindo suas experiências.
Os usuários de redes sociais serão convidados a postar o ícone
do girassol para mostrar que estão dispostos a falar sobre o assunto
#depressaosemtabu. Eles também poderão conhecer o site www.depressaosemtabu.com.br, que traz
informações sobre o tema e orientações sobre a identificação de comportamentos
de risco em pessoas próximas.
Fora da internet, no dia 10 de setembro, Dia Mundial de
Prevenção ao Suicídio, um labirinto de dois mil girassóis, com 120 metros
quadrados, será montado no Largo da Batata, em São Paulo. Quem percorrer o
caminho do labirinto acompanhará a jornada do paciente com depressão, desde a
dificuldade do diagnóstico até os desafios ao longo do tratamento, como o preconceito
ou a sensação de inadequação. A instalação estará aberta das 9h às 18h, até o
dia 14.
“Queremos levar informação às pessoas. Quem visitar o local será
convidado a deixar uma mensagem de coragem e apoio aos pacientes. Ao final,
essas flores serão recolhidas e doadas para uma organização não governamental,
que as transformará em buquês para serem distribuídos a pessoas que estão em
tratamento”, explicou a neurologista da Upjohn Elizabeth Bilevicius.
Segundo Elizabeth, para tratar a depressão e evitar o suicídio,
o primeiro passo é ver a depressão como uma doença que precisa ser tratada.
“Precisamos criar uma atmosfera de confiança para o paciente se sentir à
vontade para dizer que tem a doença e legitimar o que ele sente como sintoma de
algo que pode ser tratado. Essa é uma forma de encorajar a busca por ajuda
adequada, criando um entorno social mais empático e melhor informado para
ajudar essa pessoa”, disse.
De acordo com as informações da Upjohn, mais de 90% dos casos de
suicídio estão associados a distúrbios mentais e transtornos do humor. A
depressão é o diagnóstico mais frequente, aparecendo em 36% das vítimas. O
aumento dos casos entre os mais novos e com prevalência entre os homens faz da
depressão a quarta maior causa de suicídio entre jovens no país. Outras doenças
que podem ser tratadas, como o alcoolismo, a esquizofrenia e transtornos de
personalidade, também afetam esses pacientes e por isso afirma-se que o
suicídio pode ser evitado na maioria das vezes.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o Brasil
é o país com maior percentual de depressão na América Latina, chegando a 5,8%
da população, o que corresponde a 12 milhões de brasileiros. A taxa é maior do
que o valor global, que é de 4,4%. Igualmente maior do que em outros países, a
taxa de suicídio entre adolescentes de 10 a 19 anos aumentou 24% de 2006 a
2015. A cada 46 minutos alguém tira a própria vida no Brasil.
O psiquiatra Teng Chei Tung, coordenador dos Serviços de
Pronto-Socorro e Interconsultas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP) e vice-coordenador da Comissão
de Emergência Psiquiátrica da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP),
explicou que a alta incidência entre os jovens está ligada à grande expectativa
externa e interna de que eles se comportem como adultos, mesmo sem ter ainda as
habilidades de um adulto, e à pressão de que o adolescente seja pleno, potente,
competente e reconhecido.
“Então ele faz as coisas, erra e se frustra. Nessas frustrações
os jovens podem entrar na depressão. Os preconceitos são os mesmos e são
agravados pela desinformação. Para o jovem existe a influência do pensamento de
que a saúde mental é só uma questão social, existencial e psicológica”,
afirmou.
Teng disse que sentir tristeza é normal e que a frustração
sempre traz alguma tristeza passageira, mas é preciso que as pessoas próximas
fiquem atentas para perceber quando esse estado já se tornou uma depressão.
Segundo ele, a tristeza é algo que gera introspecção, provoca reflexão e crescimento,
mas o deprimido fica introspectivo por vários dias e semanas.
“Um dos parâmetros é quando há sofrimento excessivo e quando
começa a causar real prejuízo. Afeta as relações interpessoais, produtividade
no trabalho, ou sofrimento individual, ou seja, a pessoa está sofrendo mais do
que que precisaria naquela situação. Não é que não pode ter tristeza e emoção,
mas isso não pode prejudicar a pessoa a ponto de afetá-la fisicamente”,
destacou.
Para Teng, a melhor forma de falar sobre a depressão é deixar
claro que ela é uma doença que apresenta alterações biológicas e fisiológicas,
envolvendo fatores genéticos e estruturais, o que significa que a pessoa nasce
com a tendência de desenvolver o quadro depressivo. O tratamento inclui,
principalmente, melhorar o estilo de vida. “Quem tem depressão precisa se
equilibrar e cuidar da saúde, para não ter de novo a doença”, disse o
médico.
Campanha na Paraíba
Na Paraíba, órgãos municipais e estaduais alertam para a
proposta da campanha de preservar a vida. Acompanhe abaixo.
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Secretaria
Municipal de Saúde (SMS)
Gestores da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de João Pessoa
se reuniram nessa segunda-feira (2) para finalizar o planejamento da campanha
Setembro Amarelo de prevenção e combate ao suicídio. As ações envolverão
diversos setores e serviços da rede municipal de saúde, incluído a assistência
da Atenção Básica (Unidades de Saúde da Família), especializada (Policlínicas
Municipais e Caps) e rede hospitalar.
De acordo com o secretário de Saúde, Adalberto Fulgêncio, o
cuidado com à saúde mental se estende durante todo ano em toda rede de
assistência, tendo um olhar diferenciado para o Setembro Amarelo. “Esse é um
mês de mobilização para convocar a sociedade como um todo para esse debate de
prevenção ao suicídio. É um problema silencioso, onde os dados são alarmantes e
já considerado um sério problema de saúde pública”, destacou.
Além da assistência de rotina, toda a rede municipal de saúde
estará com ações direcionadas à temática, com oferta de serviços ampliada para
assistência em saúde mental e encaminhamento para os Centros de Atenção
Psicossocial (Caps) e Policlínicas Municipais.
Dentro da política de prevenção e combate ao suicídio, a
Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) dispõe de quatro Centros de Atenção
Psicossocial (Caps), que são instituições destinadas a acolher pessoas com
transtornos mentais e persistentes ou que fazem uso abusivo de substâncias
psicoativas.
Esses centros substituem a internação psiquiátrica, buscando a
reinserção social através do tratamento. Nos centros, os pacientes recebem
acompanhamento médico e psicológico, além de participar de oficinas, grupos
terapêuticos, atividades esportivas e culturais com a finalidade de integrá-los
em um ambiente social e cultural junto às famílias.
Além dos centros, a Rede de Atenção Psicossocial é composta por
uma Unidade de Acolhimento Infantil (UAI), Pronto Atendimento em Saúde Mental
(Pasm), duas residências terapêuticas e leitos em hospitais gerais. Os usuários
do Sistema Único de Saúde também têm acesso a acompanhamento psicológico nas
policlínicas localizadas nos bairros de Tambaú, Mandacaru, Jaguaribe, Cristo,
do Idoso e Mangabeira.
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Ministério
Público Federal (MPF)
Em apoio à campanha nacional Setembro Amarelo, o Ministério
Público Federal (MPF) na Paraíba adotou o tema da valorização da vida na
campanha interna ‘Espalhe Gentileza’. A campanha ‘Espalhe Gentileza’ foi
lançada em 2018 e consiste em cartazes contendo frases com o objetivo de gerar
entre integrantes do MPF um ambiente de empatia que conserve o melhor
desempenho no local de trabalho.
Além de cartazes com frases de apoio à valorização da vida em
todas as unidades do MPF no estado, a iniciativa prevê a realização de uma
oficina sobre o tema, na unidade da capital, além de aposição de faixa com
mensagem na frente do prédio e ainda a iluminação da sede do MPF na cor
amarela, em João Pessoa, durante o mês de setembro.
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Ministério
Público da Paraíba
Já o Ministério Público da Paraíba reúne nesta terça-feira (3)
integrantes do grupo de trabalho criado para discutir e executar ações de
prevenção, assistência e prevenção ao suicídio e tentativas de autoagressão. O
objetivo é avaliar o cumprimento de uma nota técnica assinada em conjunto com o
Ministério Público Federal e instituições governamentais e privadas que lidam
com essas situações. O encontro também marca a mobilização dessa rede, durante
este “Setembro Amarelo”, mês de conscientização sobre a prevenção ao suicídio.
O MP tem atuado para garantir tratamento de saúde para pessoas com ideações
suicidas e acompanhamento a seus familiares.
O encontro acontecerá a partir das 14h, no auditório do
edifício-sede da Procuradoria-Geral de Justiça, no Centro de João Pessoa. De
acordo com a 49ª promotora de Justiça do MPPB, Jovana Maria Silva Tabosa, que
atua na área de saúde em João Pessoa, além desse encontro de avaliação do
cumprimento da nota técnica no âmbito de cada órgão signatário, o MPPB tem
programado para o próximo dia 17, às 14h, no mesmo espaço uma palestra
proferida pelo médico psiquiatra, Alfredo Minervino.
Para a promotora, falar sobre o suicídio, além de uma quebra de
tabus, ajuda a sociedade a entender esse fenômeno. Nas reuniões, o grupo,
formado em sua maioria por representantes de instituições ligadas ao
atendimento às vítimas, destacou a importância da conscientização, principalmente,
entre os profissionais que lidam com os casos. Um dos itens da nota técnica
assinada pelos órgãos fala sobre como deve ser o acolhimento às vítimas e a
seus familiares, com intervenções assertivas e cuidadosas, compreendendo a
pessoa de forma integral, com respeito, sem constrangimentos, julgamentos,
atitudes ou colocações psicofóbicas, inclusive as de viés religioso.
A Nota Técnica Conjunta
01/2019, que entrou em vigência no último dia 9 de agosto,
orienta serviços de saúde da atenção básica, especializados e hospitalares,
assim como Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Instituto de Polícia Científica
(IPC) e instituições educacionais a adotarem um fluxograma de procedimentos
padronizados e outras ações de assistência, prevenção e posvenção.
O documento foi elaborado pelo MPPB, juntamente com o Ministério
Público Federal (MPF), as secretarias de Saúde da Paraíba (SES-PB) e de João
Pessoa (SMS-JP), o Conselho dos Secretários Municipais de Saúde (Cosems),
gestores de serviços de saúde e de segurança e por profissionais da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Todos os órgãos participaram da
formulação dessas orientações em função da complexidade do fenômeno e do
aumento dos casos de suicídio e tentativas em todo o Estado, que requer a
organização de uma rede de apoio formada por diversas instituições.
Um dos objetivos da medida também é combater a subnotificação
dos casos. Por isso, os serviços deverão fazer a notificação compulsória dos
pacientes vítimas de suicídio ou que tentaram suicídio. As secretarias também
deverão, através de seus serviços, desenvolver ações específicas para atender
pessoas que tentaram o suicídio e seus familiares. As instituições também se
comprometeram a executar campanhas de conscientização voltadas aos
profissionais e à sociedade, informando sobre os serviços de atendimento. Esses
e outros pontos devem ser discutidos no encontro desta terça-feira.
·
ALPB
A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) aderiu ao ‘Setembro
Amarelo’ e iniciou, nesa terça-feira (3), ações da campanha de valorização da
vida e prevenção ao suicídio, com a distribuição de laços com funcionários,
imprensa e cidadãos que visitaram a Casa. Na próxima terça-feira (10), a ALPB,
através da Comissão Saúde, Saneamento, Assistência Social, Segurança Alimentar
e Nutricional, realizará uma grande mobilização para prevenir a depressão e os
casos de suicídios no Estado.
A Campanha contará com sessão especial, audiência pública, ações
educativas, programa na TV Assembleia e panfletagem para conscientização da
população, entre outras atividades. Além da campanha informativa, a sede do
Poder Legislativo vai receber luzes na cor amarela para lembrar a importância
da prevenção. O presidente da Casa, Adriano Galdino, ressaltou que a saúde
mental é uma das maiores preocupações da saúde pública hoje, por isso a
importância de destacar o tema.
A data 10 de setembro é internacionalmente conhecida como o Dia
Mundial de Prevenção do Suicídio e tem como símbolo o laço do abraço na cor
amarela. Por conta da data, desde 2015, entidades como o Centro de Valorização
da Vida, Conselho Federal de Medicina, Associação Brasileira de Psiquiatria e
outras instituições se envolvem em ações destinadas a dar visibilidade à
prevenção.
A Divisão de Psicologia da ALPB vai realizar nos dias 17 e 18
deste mês, nos dois turnos, ações informativas em alguns setores da Casa
Epitácio Pessoa, bem como na Escola do Legislativo, com os alunos do cursinho
Pré-Enem. O suicídio foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15
a 29 anos em todo o mundo, em 2016. “Eu tenho o prazer de acompanhar o
desempenho do setor de psicologia da Casa e o trabalho realizado, através da
diretora Durvalina Rodrigues, tem tratado desse grande problema com bastante
eficiência”, ressaltou a deputada Estela Bezerra.
Nessa terça-feira (3), a Comissão de Saúde, Saneamento,
Assistência Social, Segurança Alimentar e Nutricional da ALPB aprovou o Projeto
de Lei 338/2019, do presidente da Casa, Adriano Galdino (PSB), que institui a
Campanha de Valorização da Vida, denominada de “Setembro Amarelo”.
O projeto, que tem a finalidade de promover palestras e
seminários para ampliar a divulgação sobre o tema durante o mês de setembro,
também estabelece 10 de setembro como Dia Estadual de Prevenção ao Suicídio e a
Caminhada Anual pela Vida, a ser realizada no último domingo do mês, encerrando
a campanha.
Como as escolas podem discutir diversidade e inclusão?
O período do Setembro Amarelo pode ser utilizado para ampliar a
discussão sobre diversidade e inclusão social. Muitas vezes, essas conversas
são levadas para o âmbito escolar e, por isso, é importante que a escola esteja
preparada para debatê-las.
Segundo o coordenador de um sistema particular de ensino,
Fabrício Cortezi, o primeiro passo é que a comunidade escolar seja diversa,
integrando equipes e alunos. “O ambiente não pode ser opressor, ele tem que ser
acolhedor. Precisamos entender que a diversidade é necessária e faz parte da
escola, para então o debate ser estimulado”, aconselha Cortezi.
Quando uma instituição é inclusiva e discute diversidade, é
esperado que isso ajude no combate de casos de bullying, depressão e suicídio,
porque estimula o diálogo. “Dentro dos colégios, existiam disciplinas voltadas
para alunos debaterem atualidades, mas agora algumas instituições também estão
preocupadas em proporcionar debates relacionados à convivência ética, focadas
no convívio com o outro”, exemplifica.
Cortezi explica que quando se trata de diversidade e inclusão,
outro ponto importante é envolver todos os professores: “Todo mundo precisa
estar comprometido com o assunto para, caso exista alguma ocorrência envolvendo
bullying, exclusão ou depressão dentro dos colégios, ela seja facilmente
identificada”. A ideia é que as escolas façam coisas que amenizem e deixem os
alunos mais confortáveis.
O coordenador finaliza reiterando a importância dos colégios se
envolverem com temas de maior sensibilidade: “O papel da escola, na verdade, é
dar garantias para que os alunos se desenvolvam tanto cognitivamente quanto
afetivamente, por isso, ela é fundamental para entender e prevenir essas
questões”.
Além de pensar em uma solução conversando com os alunos, é
importante as instituições mostrarem para os pais o que anda sendo feito a
respeito desses temas. Agendar reuniões com a família para falar da convivência
ética dentro da escola, por exemplo, ajuda a incorporá-la à comunidade e a
fortalecer a rede de apoio.
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