Folha -

"Apenas coloca em dúvida,
principalmente ao olhar do leigo, a equidistância do órgão julgador, que tem
ser absoluta. Agora, as consequências, eu não sei. Temos que aguardar",
afirmou o magistrado.
"Isso [relação do juiz e
procurador] tem que ser tratado no processo, com ampla publicidade. De forma
pública, com absoluta transparência", acrescentou.
Marco Aurélio evitou, no entanto,
comentar detalhes do caso. Ele disse que é preciso aguardar para analisar se as
revelações terão alguma interferência na Operação Lava Jato.
O conteúdo divulgado neste
domingo expõe como Moro sugeriu ao MPF (Ministério Público Federal) trocar a
ordem de fases da Lava Jato, cobrou a realização de novas operações, deu
conselhos e pistas e antecipou ao menos uma decisão judicial.
Moro, em nota, negou que haja no
material revelado "qualquer anormalidade ou direcionamento" da sua
atuação como juiz. Ele deixou a carreira na magistratura em novembro, quando
aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para ser ministro da
Justiça e da Segurança Pública.
Após a publicação da reportagem,
a equipe de procuradores da operação divulgou nota chamando a revelação das
mensagens de "ataque criminoso à Lava Jato" e disse que o caso põe em
risco a segurança dos integrantes do órgão.
Entre as mensagens que vieram a
público, estão conversas de procuradores do MPF reagindo com indignação à
decisão do STF de autorizar a Folha de S.Paulo a entrevistar Lula pouco antes
do primeiro turno da eleição de 2018. Depois de idas e vindas na corte, o caso
teria desfecho apenas neste ano –o jornal só recebeu permissão para falar com o
petista em abril.
Segundo o Intercept, o procurador
Athayde Ribeiro Costa sugeriu na época que a Polícia Federal adotasse uma
manobra para adiar a entrevista para depois da eleição, sem deixar de cumprir a
decisão da Justiça.
A procuradora Laura Tessler fez
referência aos ministros do Supremo: "Que piada Lá vai o cara fazer
palanque na cadeia. Um verdadeiro circo. E depois de Mônica Bergamo [colunista
da Folha de S.Paulo], pela isonomia, devem vir tantos outros jornalistas... e a
gente aqui fica só fazendo papel de palhaço com um Supremo desse...".
"Mafiosos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!",
respondeu a procuradora Isabel Groba.
Tessler, na sequência, afirmou:
"Sei lá...mas uma coletiva antes do segundo turno pode eleger o
Haddad", referindo-se ao candidato que substituiu Lula na campanha do PT
ao Planalto.
O ex-presidenciável Fernando
Haddad escreveu neste domingo em uma rede social que a situação exposta pela
reportagem deve ser apurada, para que se esclareça o que ele chamou de farsa.
"Podemos estar diante do
maior escândalo institucional da história da República. Muitos seriam presos,
processos teriam que ser anulados e uma grande farsa seria revelada ao mundo.
Vamos acompanhar com toda cautela, mas não podemos nos deter. Que se apure toda
a verdade!", afirmou Haddad.
Leia mais notícias em diariodocurimatau.com, siga
nossas páginas no Facebook, no Twitter, Instagram e veja
nossos vídeos no Youtube.
Você também pode enviar informações à Redação do Jornal Diário do
Curimataú pelo WhatsApp (83) 9 8820-0713.