
Um pai e uma mãe registraram boletim de ocorrência, na
segunda-feira (19), contra o Hospital da Criança e do Adolescente de Campina
Grande por suposta negligência médica da unidade com a filha dele, de oito
meses de vida. Maria Eduarda dos Santos Lourenço morreu e foi sepultada no
domingo (18). Foi então que os pais da menina procuraram a Delegacia
Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Infância e a Juventude do
município.
Eduardo Lourenço da Silva, de 37 anos, aponta que houve um
atendimento indevido à criança e que faltava um médico cardiologista e material
básico no hospital para o socorro à filha dele. O pai falou ao portal G1 que a
bebê nasceu cardiopata e com a Síndrome de Edwards.
Ele levou Maria Eduarda ao Hospital da Criança e do
Adolescente de Campina Grande, na manhã da sexta-feira (16), e foi informado
por uma médica que não havia profissional cardiologista que pudesse atender ao
caso. A mãe questionou para onde iriam com a paciente e, então, houve o
atendimento por parte de outra médica. Ela solicitou exames que constataram uma
gripe. Um médico passou a cuidar do caso e aplicou uma medicação para a bebê.
O pai relatou ainda que foi necessária a perfuração da
cabeça da criança e que uma enfermeira congitou raspar o cabelo dela com uma
lâmina já usada e que a mãe, Juciara dos Santos Rêgo Lourenço, de 32 anos, não
permitiu, sugerindo um aparelho barbeador que ela tinha na bolsa.
O homem que registrou queixa contra a unidade disse que nem
lençol havia no leito onde estava a menina e que um médico tentou a
transferência da paciente para outros hospitais, mas não conseguiu. Foi
inserido um cateter na madrugada do sábado (17) e a criança sofreu uma parada
respiratória. A equipe tentou reanimá-la, mas Maria Eduarda morreu às 2h05.
Consta na certidão de óbito que a bebê morreu de
“insuficiência respiratória e bronquite aguda”. Há o relato também de que ela
“precisava de sangue e não foi feita a transfusão” e o casal teria pedido a
transferência da criança para a UTI e não foi atendido.
A Secretaria de Saúde de Campina Grande emitiu justificativa
sobre o caso. Veja a íntegra da nota.
A Secretaria de Saúde de Campina Grande lamenta
profundamente a morte da paciente Maria Eduarda dos Santos Lourenço, de 8 meses
e 7 dias, que era portadora de uma doença grave denominada Síndrome de Edwards.
De acordo com o prontuário médico, Maria Eduarda foi
admitida no Hospital da Criança e do Adolescente às 10h55 do dia 16/11/2018,
com quadro de insuficiência respiratória grave, provocado provavelmente por uma
síndrome gripal. A paciente foi a óbito na madrugada do dia 17/11/18 às 02:05,
apesar de todo o esforço da equipe médica para salvar a vida da menina.
Síndrome de Edwards é uma patologia causada pela trissomia
do cromossomo 18, má formação do cromossomo 18, e caracteriza-se por um quadro
clínico com acometimento de múltiplos órgãos e sistemas. Há mais de 130
anomalias diferentes, que podem envolver praticamente todos os órgãos e
sistemas. O prognóstico da doença na maioria dos casos resulta em óbito durante
a vida embrionária e fetal, ainda na barriga da mãe. Dos nascidos vivos, a
média de vida é entre 2,5 e 14,5 dias. Dos recém-nascidos afetados, 55 a 65%
vão a óbito na primeira semana de vida, 90% em torno de seis meses e apenas 5 a
10% estarão vivos ao final do primeiro ano.
De acordo com a Direção do HCA todos os procedimentos foram
realizados para tentar garantir que Maria Eduarda resistisse. "O médico
que estava acompanhando a garota inclusive tentou alternativas para dar mais
conforto e melhorar a oxigenação para a criança, mas não foi possível em função
das próprias complicações da síndrome", explicou a Diretora Técnica do
HCA, Tais Andrade.
A direção do hospital já analisou o prontuário, escutou o
médico responsável pelo atendimento e convocou os pais da criança para que
sejam esclarecidos os procedimentos realizados e a dificuldade em assegurar a
vida da menina a complexidade do quadro da criança. No mais, a Secretaria se
solidariza com os familiares.
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