Veja -
Pela primeira vez desde a
redemocratização do país, uma eleição para a Presidência da República terá um
segundo turno sem debate entre os dois principais candidatos, o que daria aos
eleitores a oportunidade de comparar suas propostas. Esfaqueado em 6 de setembro
durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), o capitão reformado do
Exército Jair Bolsonaro primeiramente alegou não ter sido liberado pelos
médicos, mas depois recusou-se, como estratégia política, a comparecer aos
encontros que estavam marcados com o ex-ministro da Educação Fernando Haddad,
nas três semanas de campanha eleitoral que antecedem o dia da votação, em 28 de
outubro.
O adversário
petista não perdeu a chance de ironizar a ausência e disse que iria até uma
enfermaria hospitalar encontrá-lo. Bolsonaro passou por duas cirurgias em
setembro para a reconstrução e a desobstrução do intestino. Ele ainda precisará
fazer uma nova intervenção, ainda sem data, para a reversão de uma colostomia.
Apesar do veto dos médicos a atividades externas de campanha, o candidato
concedeu nos últimos dias entrevistas, participou de encontros com
correligionários e fez até uma visita à sede do Bope (Batalhão de Operações
Policiais Especiais), da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Para que o eleitor
possa comparar os dois candidatos antes de ir às urnas, VEJA preparou um
confronto entre as propostas do presidenciáveis do PSL e do PT, em vinte
principais temas.
1) PRIVATIZAÇÕES
O plano de Bolsonaro prevê a privatização e extinção de estatais para tentar
reduzir até 20% da dívida. Paulo Guedes, ministro da Fazenda em seu eventual
governo, afirmou ser favorável à venda de “todas as estatais”. Ele prevê
arrecadar 1 trilhão de reais. Bolsonaro, porém, já demonstrou ser contra a
venda de ativos na área de geração elétrica e da Petrobras. Também tem
restrições ao Banco do Brasil, Caixa e Banco do Nordeste. Mas pensa em ampliar
o uso das “golden shares”, ações especiais que dão poder de veto ao governo em decisões
das empresas.
“Suponha que você tem um
galinheiro no fundo da sua casa e viva dele. Quando privatiza, você não tem a
garantia de comer um ovo cozido. Nós vamos deixar a energia nas mãos de
terceiros?”
*
Já Fernando Haddad propõe a suspensão da “política de privatização de
empresas estratégicas para o desenvolvimento nacional e a venda de terras, água
e recursos naturais para estrangeiros”, de acordo com seu programa de governo.
Ele já afirmou que empresas como a Eletrobras, a Petrobras, os Correios, o
Banco do Brasil e a Caixa Econômica são “estatais intocáveis”. Também
classificou a venda da Embraer como um “crime de lesa-pátria”, e diz que reverá
a negociação se for “juridicamente possível”.
“Geralmente quando
vendem (as estatais), vendem na bacia das almas, a preço de banana, como
aconteceu nos anos 90. Até hoje a gente não sabe qual foi o destino do dinheiro
das empresas privatizadas. Nós precisamos defender o patrimônio brasileiro.”
2) IMPOSTO DE RENDA
Num encontro fechado,
o economista Paulo Guedes, guru de Bolsonaro, sinalizou que
pretende cobrar uma alíquota única de 20% de todas as pessoas. Atualmente, o
imposto é cobrado em faixas de 7,5% a 27,5%. Pessoas que ganham até 1.900 reais
estão isentas. Após a proposta causar polêmica, Bolsonaro declarou que a ideia
é isentar quem ganha até cinco salários mínimos (4.770 reais).
“A Inglaterra fez
isso há vinte e poucos anos, Trump fez isso agora nos Estados Unidos e deu
certo. Nós temos que fazer com que quem produz não seja basicamente achacado
pelo governo.”
*
Haddad também tem como promessa isentar do imposto de renda
quem ganha até cinco salários mínimos, como uma forma de ativar a economia. Ele
também defende compensar essa perda de arrecadação cobrando mais dos mais
ricos, com uma tributação direta sobre lucros e dividendos.
“(A isenção do IR para
quem ganha até cinco salários mínimos) vai fazer com que você aumente sua renda
disponível, vá ao mercado de consumo, compre mais, o que vai obrigar as pessoas
a produzirem mais, gerando empregos.”
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