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O universitário Gustavo de Figueiredo, que lida com a depressão há
aproximadamente sete anos, explica que a doença é inconstante. “A depressão se
caracteriza por períodos de atividade e inatividade. Passo a maior parte do
tempo sem me sentir depressivo, mas alguns períodos da minha vida a depressão
se manifesta. Fico sem vontade de levantar da cama, uma grande indiferença às
coisas, sem vontade de viver o dia a dia. Perco a vontade de viver, por isso o
tratamento e o acompanhamento psiquiátrico são necessários”, disse.
Outro problema é que as pessoas que sofrem com depressão vivem em estado de
constante vigilância, sensação provocada pelo medo daqueles que os observam e
criticam, que atrapalha os tratamentos explicou o psiquiatra Givaldo Medeiros.
“Falta preparo da sociedade e preparo institucional, as pessoas e as empresas
ainda não sabem como lidar com o doente mental. Se tem realizado campanhas
contra a psicofobia, mas muita gente ainda acha que toda doença mental está
associada à loucura”, disse.
Fatores desencadeantes
Pré-disposição, fatores genéticos, neurológicos ou situações específicas da
vida, como uma perda familiar, fim de namoro ou alguma frustração pessoal,
podem desencadear a depressão. A psicoterapia trata todos os casos e nas
depressões leves pode ser suficiente para curar o paciente. Em outros casos,
aliado à psicoterapia, são utilizados os medicamentos, a depender do perfil do
paciente e da sua depressão.
“Nós falamos em depressões, não em depressão, porque ela vai variar. Você pode
ter uma depressão como reação a uma situação de vida. Você pode ter um episódio
de depressão na vida e não ter mais. Você pode ter um transtorno depressivo
recorrente, depressões que vão se repetir ao longo da vida. E você pode também
ter a depressão do transtorno bipolar do humor, que é uma outra doença que
cursa com períodos eufóricos e períodos longos de depressão, melancolia
profunda”, explicou o psiquiatra.
Independente do nível, o especialista explica que a depressão é uma doença do
humor e não pode ser confundida com tristeza. A tristeza é passageira e não
costuma atrapalhar a rotina da pessoa, que come, tem vida social e trabalha.
Alguém com humor depressivo passa a ter mudanças limitantes no seu dia a dia,
passa a comer muito ou nada comer; o desejo pelas coisas desaparece; a
sexualidade diminui e o sono costuma ser alterado: se passa a dormir muito ou a
não dormir nada.
Depressão não tem uma ‘cara’
Apesar dos sintomas, é preciso entender que traçar um perfil da pessoa com
depressão nem sempre é fácil, pois muitas vezes elas não demonstram seu estado
de humor. Só sabe o que sente quem passa.
“A pessoa com depressão nem sempre está no leito, nem sempre terá uma ‘cara’ de
depressivo. Tem gente que trabalha, vai a faculdade, tem uma vida comum, mas
está com depressão. Ela muda de pessoa para pessoa, dependendo do nível. Ela
pode ser leve, moderada ou grave”, explicou Givaldo Medeiros.
O importante, em qualquer dos casos, é buscar ajuda. Isto
porque a pessoa com depressão costuma ser duplamente cobrada: pela sociedade,
que exige que ela aja de determinada forma; e por si, quando não consegue
corresponder àquilo que lhe impõem. “A pessoa se cobra e é cobrada. A depressão
gera muito sofrimento, mas o pior de tudo são as cobranças. Normalmente as
pessoas ao redor não aceitam e não entendem, acabam menosprezando, tendem a
negar, chamam de frescura”, destacou o médico.
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