
Um homem de 59 anos foi preso em flagrante suspeito de
manter a mulher e a filha em cárcere privado por 5 anos, trancadas com cadeado
dentro de uma casa na cidade de São Bento, no Sertão da Paraíba. A informação
foi repassada pela Polícia Civil e a prisão aconteceu na manhã desta
terça-feira (20).
De acordo com as investigações policiais, o homem agredia as
vítimas e as deixava sem comida. Mãe e filha só conseguiram se libertar do
cárcere após uma vizinha ter percebido a situação e jogado um aparelho celular
pelo muro para que a mulher chamasse a polícia e pedisse ajuda.
Em depoimento à polícia, o suspeito negou todas as
acusações. Segundo ele, a mulher tinha liberdade para ir e vir, ela e a filha
não eram agredidas. O suspeito falou também que não possuía arma de fogo, nem
comportamento agressivo.
O delegado Sheldon Andrius Fluck, responsável pelas
investigações, disse que o casal morava junto há 5 anos e que desde então a
mulher, uma pedagoga de 29 anos, teria sido submetida ao cárcere. Eles tiveram
uma filha que atualmente está com 2 anos, que não teria sequer sido registrada
e que também era vítima de todas as agressões. Ainda conforme o delegado, um
laudo médico comprovou as agressões na mulher e na criança.
Conforme o delegado, ele "alegou que ela foi para
colação de grau em João Pessoa ano passado. Eu questionei ela e ela disse que
fez uma faculdade à distância e que realmente foi para a colação em João
Pessoa, mas não procurou ajuda porque ele estava com a filha deles em casa e
ela não tinha nem registro. Se ele fizesse algo com ela, não teria nem como
provar a existência da filha".
“Ela [a mulher] disse que ele as agredia constantemente e as
deixava passando fome. Quando ele saía de casa cortava a energia e ameaçava a
mulher de morte caso ela contasse a alguém. Ela não mantinha contato com
ninguém. Os vizinhos, que moravam na região há cerca de três anos, nunca tinham
visto a mulher nem a criança. Elas só saíram de casa para ir ao médico e mesmo
assim eram enroladas com um cobertor, como foi no dia do parto”, detalhou o
delegado ao falar sobre o que a vítima relatou à polícia durante o depoimento.
Sheldon Andrius acrescentou que uma mulher que mora ao lado
da casa onde as vítimas estavam sendo mantidas em cárcere privado ouvia
barulhos e escutava o choro da criança, de modo que decidiu ajudar as vítimas
arremessando o celular pelo muro para que a mulher pudesse pedir socorro para
sair do cárcere.
A vítima procurou a polícia e, ao chegarem no local, os
policiais constataram o fato. "O lugar estava todo revirado, bagunçado e
sem comida", pontuou o delegado.
O homem preso trabalha em uma empresa de materiais de
construção. Ele foi autuado por cárcere privado e encaminhado para a
penitenciária de Catolé do Rocha, também no Sertão. A mulher foi ouvida e
liberada.
O G1 procurou o Conselho Tutelar da cidade de São Bento para
saber quais os procedimentos que vão ser adotados com a criança, mas o órgão
informou que até as 14h56 ainda não havia sido notificado sobre o caso.
Após ter tomado conhecimento do caso através da imprensa, a
equipe do Conselho Tutelar foi à delegacia nesta tarde para apurar as
informações e adotar as medidas cabíveis. De acordo com o órgão, a rede de
proteção às vítimas foi acionada e mãe e filha foram encaminhadas para os
serviços de assistência psicossocial do município.
Elas estão em um endereço seguro aguardando a chegada de
familiares, que, pela investigação da polícia, são do estado de Pernambuco.
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