G1 -

O carnaval chegou ao fim, os novos calouros se preparam para
o início da faculdade e os estudantes do terceiro ano do ensino médio, ou que
ainda não passaram no vestibular, já devem começar a planejar os estudos. Pouco
mais de 260 dias separam esta semana e o primeiro dia do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem 2018), o que equivale a 37 semanas.
Isso é tempo suficiente para estudar todo o conteúdo que cai
no exame? Segundo especialistas, sim, mas só para quem realmente quer dedicar o
seu tempo à preparação. Eles também ressaltam que não há fórmulas prontas e que
o rendimento também depende de uma boa dose de autoconhecimento de cada
estudante.
Para dar dicas de planejamento e outros truques de estudos,
o G1consultou os seguintes professores:
Fabrício Cortezi, coordenador pedagógico do Sistema de
Ensino pH
Edmilson Motta, coordenador geral do Etapa
1- Planejamento
De acordo com eles, os estudantes interessados em dedicar o
ano de 2018 ao vestibular devem separar entre dois e três dias para realizar um
planejamento detalhado. A dica é ainda mais preciosa para quem decidiu não se
matricular em um cursinho e, por isso, não vai poder depender do planejamento
de aulas dos professores.
"Se for um aluno de um curso regular, que acompanhe
regularmente o curso. Se for um aluno que faz um curso virtual, ou estuda por
conta própria, ele precisa pegar essas 37 semanas, olhar todos os conteúdos, e
tirar uns dois ou três dias só para organizar um planejamento", explicou
Fabrício Cortezi, do pH.
"Tem que ser factível. O aluno tem que conseguir fazer
o que se propôs a fazer dentro dessas semanas." - Fabrício Cortezi
Isso inclui organizar um cronograma de estudos, definindo
quando cada matéria exigida no Enem deverá ser estudada. A dica é a mesma usada
pelos coordenadores de colégios e cursinhos: dividir a carga horária semanal em
períodos e intercalar neles cada disciplina.
Alguns critérios devem ser levados em conta nesse
planejamento:
Peso das disciplinas no Enem: A decisão de quantas
horas estudar cada matéria deve refletir a cobrança delas pelo exame; Edmilson
Motta, do Etapa, diz que uma conta aproximada é de três vezes mais carga
horária para matemática e português do que para física, química, biologia,
história e geografia; a carga horária de estudos de filosofia e sociologia deve
ser metade das demais disciplinas de ciências humanas.
Foco nas maiores dificuldades: Os professores afirmam
que é preciso investir mais tempo nos conteúdos com os quais os candidatos têm
mais dificuldade.
Equilíbrio: Se um candidato não é forte em ciências da
natureza, um dia de estudos só de biologia, química e física não vai render
tanto; é preciso intercalar matérias de acordo com o nível de dificuldade, para
evitar o desgate.
Cronograma semanal: Planejar os conteúdos por semana é
mais fácil do que por mês, porque fica mais fácil medir se você cumpriu o
combinado, além de dar tempo de corrigir problemas de rendimento para não
deixar a matéria acumular demais. Procure encaixar todo o conteúdo a ser
estudado em cerca de 30 semanas, e deixe as últimas seis ou sete semanas antes
do Enem para a revisão final.
2- Onde estudar?
Quem não está mais no colégio e não tem um cursinho para
onde ir precisa também organizar um espaço de estudos. No caso de quem não tem
um quarto só para si em casa, quem mora com famílias numerosas ou prefere não
misturar o espaço pessoal com o espaço de estudos, bibliotecas públicas podem
ser uma solução.
"Quando estabelece isso, você cria uma rotina",
diz Cortezi. "Estudar todo dia de 14h às 18h, em casa enrola um pouco,
começa depois, acaba um pouco antes. Quando vai ao local específico de estudos
você tem um horário."
Para Motta, do Etapa, só os estudantes muito capazes de se
concentrar podem se dar ao luxo de estudar em qualquer espaço. Os demais devem
se esforçar para encontrar um local que possam considerar exclusivamente o seu
"canto de estudos".
"A biblioteca é ideal, porque você é obrigado a ficar
quieto. Se for em casa, tem que ser um lugar bem iluminado, isolado, em que as
pessoas não fiquem passando toda hora, interagindo com você toda hora." -
Edmilson Motta (Etapa)
Confira as dicas:
Espaço próprio: Seja dentro de casa ou em outro local,
o importante é que o espaço de estudos seja bem definido; isso evita a
desconcentração.
Para quem não tem espaço em casa: Quem mora com
famílias numemoras ou não tem uma estrutura boa em casa para se concentrar pode
procurar por bibliotecas públicas ou outros espaços, como salas de estudo, que
estejam disponíveis.
Criação de hábito: A definição de um espaço dedicado
aos estudos ajuda a aumentar a concentração, o comprometimento e a
produtividade.
3- Quando estudar?
Os horários específicos vão depender de cada estudante.
"É um pouco de autoconhecimento", diz Cortezi. "Tem gente que
rende mais de manhã, tem gente que rende mais estudando de madrugada."
Independente disso, é preciso estudar todos dias. Isso não
significa usar todas as horas livres de todos os dias da semana, mas criar uma
rotina em que, mesmo aos domingos, o estudante esteja realizando alguma
atividade voltada ao vestibular.
Edmilson Motta afirma que o número de folgas semanais deve
ser de no máximo uma. "É bom folgar um dia, mas não dois", disse ele,
sugerindo que, aos domingos, os candidatos aproveitem para ler o noticiário,
buscando "resumos de notícia que acabam ajudando e não pesam muito, não
cansa".
"O sábado tem que ser um dia 'livre' entre aspas: é um
dia para complementar aquilo que ficou faltando durante a semana", explica
Cortezi, do pH. "No domingo, a recomendação é acordar de manhã, fazer a
redação e beleza, você está livre para fazer coisas que não são diretamente
estudar, como ler uma revista de atualidades, assistir a algum filme que possa
ajudar no conhecimento. Sempre atividades relacionadas ao vestibular, mas que
descansam."
Veja as principais dicas:
Autoconhecimento: Repare nos horários do dia em que
você estuda com mais concentração e rende mais; defina seu cronograma com
ênfase nesses períodos.
Pausas para descanso: Respeite os horários de estudo
para poder aproveitar sem culpa as pausas e intervalos.
Esforço maior de segunda a sexta: De segunda a sexta,
dedique-se a cumprir o cronograma de estudos;
O que fazer no fim de semana: Aos sábados, use algumas
horas para complementar o conteúdo que ficou faltando; aos domingos, crie a
rotina de escrever uma redação ao acordar, e use o resto do tempo para
atividades relaxantes, mas com alguma ligação com o vestibular.
4- O que estudar?
Com o local e o cronograma prontos, o próprio passo é
decidir o quê estudar. Nessa questão, Edmilson Motta faz um alerta: o material
didático deve ser o mais completo, mas simplificado, possível. "Se você
vai estudar sozinho, um ponto fundamental é pelo menos ter um material para se
guiar. Quanto menor esse conjunto de material, mais prático é. Se você vai
pegar um livro de cada disciplina, de cada matéria, de cada ano, fica uma quantidade
muito grande de páginas", explica ele.
O ideal é conseguir a coleção completa dos materiais
didáticos feitos por colégios ou cursinhos. "Você consegue comprar em sebo
ou na internet", disse ele, afirmando que, sempre que possível, os
estudantes interessados no Enem devem privilegiar o material didático feito
para o próprio exame.
"Isso já torna mais fácil o equilíbrio dos conteúdos,
senão a pessoa tem que organizar isso sozinha. Por exemplo, em matemática no
Enem não cai matrizes, mas cai muito variáveis e proporcionais. Em história, o
foco é história do Brasil, em linguagens, é texto, não tem muita literatura. Se
esse material de base já refletir isso, organiza um pouco a sua vida."
Anote as recomendações:
Material didático completo: Procure obter a coleção
completa do material didático, para não acumular páginas demais de estudos e
não correr o risco de perder algum conteúdo, caso você escolha livros de fontes
diferentes.
Foco no Enem: Embora exija o conteúdo do programa do
ensino médio brasileiro, o Enem privilegia alguns temas mais do que outros, por
isso o material didático mais eficaz deve refletir esse enfoque.
5- Como estudar?
Os especialistas recomendam que os estudos sigam a seguinte
rotina: leitura e anotações da teoria seguidas de exercícios práticos para
aplicar o que foi aprendido. A diferença entre o estudo por conta própria e da
aula é a falta de um professor para guiar o aprendizado, mas videoaulas podem
minimizar um pouco essa ausência.
Motta afirma que, antes de começar a ler sobre um tema, o
estudante pode procurar alguma videoaula curta sobre o assunto, para já ganhar
uma visão geral. As videoaulas também podem ser uma boa opção para tirar
dúvidas.
Cortezi, do pH, lembra que nem tudo na internet é conteúdo
de qualidade. "É bacana procurar outras fontes. Só tem que tomar cuidado
com a fonte do que estão vendo. Vale sempre procurar uma fonte confiável,
alguém que indique uma fonte confiável."
Ordem dos estudos: Inclua no período dedicado ao estudo
de um assunto tanto a leitura da teoria quanto os exercícios práticos; isso
ajuda a fixar o que foi estudado
Dúvidas: Caso você não tenha professores disponíveis
para tirar dúvidas, busque videoaulas ou outros recursos on-line, desde que
sejam referendados como fontes confiáveis.
Ajuda dos amigos: Estudar em grupo só dá certo na hora
de tirar dúvidas sobre os exercícios; evite os colegas na hora de ler, fichar e
praticar os conteúdos.
Simulados: No primeiro semestre, deve ser feito com
frequência de uma vez a cada um ou dois meses; no segundo semestre, um por mês.
Procure simulados abertos de colégios e cursinhos na sua cidade para praticar;
também é possível fazer simulados em casa, desde que você siga as mesmas
condições do Enem (a mesma duração de prova, acompanhado do lanche e da água,
levantando apenas para usar o banheiro uma vez).
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