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Em troca de mensagens em rede
social com deputados do PMDB, fez recomendações, traçou cenários e até alertou
para o risco de a permanência do interino Waldir Maranhão (PR-MA) dificultar a
vida do presidente interino Michel Temer, com o encaminhamento do processo de
impeachment contra ele, em andamento na Casa.
Cunha é um dos que defendem que o PMDB não indique candidato
para sua sucessão e apoie um nome vindo do chamado centrão, grupo de partidos
médios sobre o qual ainda exerce influência política. No PMDB, entre os vários
nomes cogitados, o único que já confirmou candidatura foi o ex-ministro da
Saúde do governo Dilma, Marcelo Castro (PI), um desafeto do ex-presidente da
Câmara.
Para Cunha, a chance de a presidência da Câmara voltar ao
PMDB é remota. Segundo ele, o centrão e legendas de oposição não deixarão o
partido ocupar novamente a cadeira. “Temos uma condição diferente hoje por
termos o presidente da República. Difícil ter Senado, Câmara e presidência em
um único partido. São remotas as chances de aceitarem isso”, escreveu Cunha em
uma das mensagens.
A discussão no grupo de conversa do PMDB, segundo alguns
deputados, começou após Cunha enviar uma mensagem sobre o risco que Temer corre
de sofrer um “golpe” orquestrado por Maranhão para acelerar o processo de
impeachment contra o presidente interino, em curso na Câmara.
ORIENTAÇÕES AOS DEPUTADOS
De acordo com a mensagem de Cunha, a saída para evitar a
artimanha de Maranhão seria marcar a eleição do novo presidente já para o
início da próxima semana. “Marcar segunda não é ruim, porque obriga a
resolver”, escreveu Cunha, alertando os correligionários para o risco de
retardar a data: “Perde-se mais uma semana, a última, e dá margem ao golpe que
querem fazer de aceitar o impeachment de Michel”.
Em paralelo à eleição do novo presidente, corre o recurso
apresentado por Cunha na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contra o
relatório apresentado no Conselho de Ética que pede a sua cassação. Se a
eleição do novo presidente da Câmara ocorrer no início da próxima semana, como
querem alguns líderes partidários, a sessão da CCJ poderá ser remarcada, o que
dará uma sobrevida ao mandato de Cunha. A reunião da CCJ, que já estava
agendada para segunda-feira, foi remarcada para terça-feira após a renúncia de
Cunha.
Adversários do ex-presidente classificam o recurso como mais
uma manobra de Cunha para salvar o mandato. Aliados do ex-presidente refutam a
ideia de que ele estaria operando para salvar o mandato. Para um desses
aliados, Cunha não está pensando na eleição do novo presidente, pois está
“destruído” com a perda do cargo e mais focado em desocupar a residência
oficial da Câmara. Mas as mensagens ao grupo do PMDB no WhatsApp indicam o
contrário.
Em outra das mensagens enviadas, Cunha se defende dizendo
que a composição da Mesa Diretora, ao lado de Maranhão e do
primeiro-secretário, Beto Mansur (PRB-SP), não foi escolha sua. Ele
responsabiliza os partidos aliados pela formação. Classificada por um peemedebista
como uma rara mensagem positiva de Cunha, o ex-presidente agradece aos colegas
de partido pelo “carinho e solidariedade” diante do momento difícil que
atravessa.
Após a renúncia à presidência da Câmara, Cunha enfrenta uma
onda de isolamento por parte de antigos aliados, que passaram a negar serem
seus simpatizantes. Além de Beto Mansur, que defendeu a renúncia de Cunha,
estão neste grupo outros possíveis candidatos à presidência da Câmara, como o
líder do PSD, Rogério Rosso (DF), e Carlos Manato (SD-ES). Segundo assessoria,
por ser componente da Mesa Diretora da Casa, Mansur procurou tratar tão somente
de questões pertinentes ao cargo ao longo da gestão com Cunha.
O uso do grupo privado de WhatsApp por Cunha para articular
sua sucessão desagradou a desafetos dentro do PMDB. Um desses deputados
classificou as mensagens de Cunha como incabíveis. Para ele, por estar afastado
do cargo de deputado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha não
deveria nem entrar em contato com os colegas de partido.
“É uma situação esdrúxula. Nosso ex-presidente faz um papel
patético”, afirmou.
A presidente afastada Dilma Rousseff disse, no início da
noite de sexta-feira, em São Paulo, que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
chorou “lágrimas de crocodilo” durante o anúncio de sua renúncia. Em
evento organizado por grupos de mulheres “em defesa da democracia”, Dilma
voltou a dizer que Cunha agiu por vingança ao aceitar o pedido de impeachment.
“Ele cometeu ato de vingança com quem não aceitou a
chantagem”, disse Dilma, referindo-se ao fato de o ex-presidente da Câmara ter
aceitado o pedido após três deputados do PT anunciarem que votariam contra ele
no Conselho de Ética. Dilma acrescentou: “O Cunha agora chora lágrimas de
crocodilo”.
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