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"Queria dizer que me sinto injustiçada por um processo sem base de
sustentação", disse a presidente. "Me sinto indignada com a decisão
que recepcionou a questão da admissibilidade do impeachment". A presidente
lembrou ainda o período em que esteve presa durante a ditadura militar. E
afirmou: "Hoje, estou tendo meus sonhos e direitos torturados".
Visivelmente abatida, Dilma afirmou também que não se beneficiou pessoalmente
de nenhum ato que motivou a aceitação da denúncia por crime de
responsabilidade. "Saio no sentindo de ter a consciência tranquila de que
não os fiz ilegalmente. Os atos se baseiam em pareceres técnicos".
A presidente afirmou que assistiu a todas as intervenções dos deputados na Câmara
durante a discussão e que não viu nenhum debate sobre as pedaladas fiscais e os
decretos de crédito suplementar. Ela disse que os presidente antecessores não
foram punidos por atos semelhantes. "A mim se reserva um tratamento que
não se reservou a ninguém."
"Nenhum governo será legítimo sem ser por obra do voto secreto, direto
numa eleição convocada previamente para este fim, na qual todos os cidadãos.
Não se pode chamar de impeachment uma tentativa de eleição indireta. Essa
tentativa se dá porque aqueles que querem ascende ao poder não tem voto para
tal. É estarrecedor que um vice-presidente no exercício de seu mandato conspire
contra a presidente abertamente. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que
fizesse isso seria respeitada. A sociedade humana não gosta de traidor. Porque
sabe a injustiça e a dor que se sente quando se ve a traição no ato".
Com a voz embargada, Dilma por diversas vezes repetiu ao longo do
pronunciamento a frase "saio do processo". Ela no entanto, indicou
que não renunciará ao cargo. "Eu tenho ânimo, força e a coragem
suficientes para enfrentar essa injustiça, apesar da tristeza. Não vou me
abater. Vou continuar lutando como fiz ao longo de toda a minha vida. De uma
certa forma estou tento meus sonhos e meus direitos torturados, mas não vão
matar em mim a esperança, porque sei que a democracia é sempre o lado
certo", disse.
"Podem ter certeza: eu continuarei lutando e vou enfrentar todo o
processo. Vou participar e me defender no Senado e quero dizer aos senhores, ao
contrário do que anunciaram, não começou o fim. É o início da luta, longa e
demorada. Ela envolve o meu mandato, não é por mim mas pelos 54 milhões de
votos que tive", prosseguiu.
Questionada sobre a possibilidade de encurtar o mandato, por meio de renúncia,
Dilma rechaçou a hipótese. "Não estou avaliando agora", disse, em um
tom já diferente do que vinha adotando, quando afirmava que não renunciaria em
hipótese alguma. Dilma disse, porém, que "todas as alternativas
democráticas são viáveis", em referência à proposta que circula em setores
do PT e no Parlamento, de convocação de eleições gerais antecipadas por meio de
uma Proposta de Emenda Constitucional.