
De acordo com Ana Luiza Mano, psicóloga da PUC-SP e colunista do Olhar Digital, um vício geralmente se caracteriza como um sintoma de algo que não vai bem na pessoa. "A rede social é pensada e formatada para nos manter lá. Nós temos não só nossos amigos e likes, mas também sugestões de contatos, produtos, jogos e páginas estabelecidas de acordo com um algoritmo que estuda nossas preferências. É uma coisa fabricada para nos seduzir e, nos fazer sentir bem", explica.
Outra função importante da substância é acostumar a pessoa a buscar várias vezes aquele mesmo estímulo de prazer. "É como comer um pedaço de chocolate e depois de pouco tempo, comer a barra inteira. No caso do Facebook, uma pessoa viciada quer sempre mais notificações, mais amigos, mais páginas para curtir", comenta a psicóloga.
Como detectar o vício?
Se você tiver dificuldades em analisar todos estes dados, pode ainda fazer o teste de dependência de internet, elaborado pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, que também é válido para o Facebook.
Além disso, é importante notar que o uso prejudicial está muito mais relacionado com a qualidade do que quantidade. "Você pode usar o Facebook como forma de comunicação no seu trabalho diversas vezes no dia, contudo, se em um momento de descanso você não o utilizar, é um sinal de que aquilo não é um vício", elucida Ana Luiza.
Dicas para largar o vício
Se você acredita que se encaixa no perfil de "viciado no Facebook" ou até mesmo em outra rede social, a psicóloga recomenda cinco dicas para tentar largá-lo (caso você queira) e, pouco a pouco, começar a usar o recurso de forma mais moderada. São elas:
1) Tente estabelecer metas ou horários para usar o Facebook. Coloque como limite acessar a rede somente após terminar um tarefa ou nos minutos restantes do horário de almoço, por exemplo.
2) Quando sair em grupo, como em um bar, adote jogos como a famosa "torre" de smartphones. Os aparelhos ficam empilhados em um canto da mesa e quem pegar primeiro terá que pagar a conta.
3) Escolha um dia da semana para não entrar no Facebook. Neste dia, tente se concentrar em hobbys, atividades extras ou até mesmo pendências.
4) Procure trocar uma mensagem no Facebook ou um "parabéns" por uma ligação ou visita presencial.
5) Desabilite os alertas de notificações no celular e(ou) tablet para não ser instigado a olhar seu perfil. O modo avião ou "não perturbe" também ajudam.
Se mesmo seguindo estas indicações, você sentir que ainda está dependente do Facebook, uma ajuda profissional pode ser a melhor opção. Para aqueles que não querem sair de casa, o projeto Psicólogos da Internet oferece orientação via Skype ou e-mails. Após o término do atendimento, caso o usuário queira uma ajuda presencial, a equipe indica local ou profissional de acordo com a região do Brasil que ela se encontra.