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Em seu depoimento à TV Paraíba, João avalia que “fala-se que
a escravidão foi abolida, mas o garimpeiro sempre viveu uma escravidão
moderna". "Na nossa sociedade, em que o sistema está monopolizado na
mão de poucas pessoas, um cara como eu que não tive oportunidade de estudar,
não tem oportunidade. A gente imagina outra coisa, mas o mercado não abre as
portas por conta da limitação que é o estudo, daí acabamos no garimpo”,
explica.
Assista matéria da TV Paraíba:
Segundo os dados da cooperativa, num dia bom de trabalho, os
garimpeiros conseguem extrair até 200 kg de mica, um mineral brilhante
utilizado na indústria eletrônica. Cada quilo deste minério é vendido ao preço
de R$ 0,45 para o atravessador e 10% dos lucros são entregues aos donos das
terras. O valor das pedras brutas é baixo em comparação ao mesmo minério após
ser lapidado. O quartzo rosa, também encontrado no local, vale de R$ 1 a R$ 5,
mas a pedra lapidada pode custar mais de R$ 50.
Município depende da mineração
Nova Palmeira tem aproximadamente 5 mil habitantes, de acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e cerca de 90% da renda do
município vem da mineração. Após extraídas, as pedras passam pela usina de
beneficiamento, onde são divididas por tamanho, e as que são selecionadas
seguem para o centro de lapidação, onde ganham a forma de jóias. Segundo a
cooperativa, neste setor trabalham 36 mulheres que são cooperadas.
De acordo com Ruthinea Dilenna, presidente da cooperativa
dos garimpeiros, a previsão é de em breve seja construído um centro de análise
de pedras, para determinar a pureza das gemas, e uma usina de fundição, que vai
permitir a confecção de semi-jóias. “Daqui a uns três meses já estaremos
agregando valor aos minérios. A jóia já tem condição de sair pronta de Nova
Palmeira”, explicou Ruthinea.
Medo de acidentes
Apesar do trabalho árduo, muitos garimpeiros continuam a trabalhar no local,
como é o caso de Antônio Vieira, que é garimpeiro há 30 anos e já chegou a
perder um dedo em uma explosão errada em uma das minas. “A dificuldade que a
gente tem é o medo de cair as pedras em cima de nós, mas eu acho muito bom o
trabalho no garimpo”, diz Antônio.
Já Renildo da Silva, de 28 anos, trabalha em busca da
riqueza. Ele já chegou a ganhar dinheiro com uma pedra de tantalita, também
usada na indústria eletrônica, mas não perde a esperança de conseguir algo mais
valioso, como a turmalina paraíba, que é uma das pedras mais raras do mundo,
sendo encontradas em apenas cinco minas em todo o planeta. “Ganho o dinheiro
que mantenho minha família e já está bom. Mas quem sabe um dia eu não acho uma
pedra preciosa e mudo de vida? O sonho permanece”, completa Renildo.