Foto: Fabiana Agra e Sobrinho |
A advogada e jornalista Picuiense Fabiana Agra lançou em 2011
o primeiro livro da série que está escrevendo sobre Picuí. Intitulado “Picuí do
Seridó: dos primórdios até 1930”. Atualmente, Fabiana está preparando o segundo
volume da trilogia sobre a nossa região, “Picuí do Seridó: Século XX”
(1900-1950), com lançamento previsto para novembro de 2014.
Em um dos capítulos do livro a escritora destaca a atividade
mineral da região. Segundo Fabiana agra boas fontes bibliográficas são
imprescindíveis para qualquer pesquisa; e que neste novo trabalho, ela esta
tendo a sorte de contar com excelentes fontes relativas à mineração - dentre
elas a monografia de Olivânio Remígio e vários trabalhos de Antonio De Pádua
Sobrinho.“ Estou impressionada com os dados - como Picuí ainda é rico em
minerais... E como quase nada fica para nossos garimpeiros.” Disse.
Em entrevista concedida, o técnico em mineração Antonio De
Pádua Sobrinho atenta para o fato de que, devido à exploração das jazidas no
município de Picuí ser feita essencialmente a céu aberto, sem planejamento,
através de garimpos, a atividade termina gerando grandes impactos ambientais,
“tornando-se um enorme desafio ao paradigma atual de desenvolvimento
sustentável, uma vez que a degradação ambiental se dá a passos largos pela
lavra predatória, trazendo como consequência a destruição do habitat natural,
desperdícios e exaustão acelerada dos bens minerais, problemas socioeconômicos
e de saúde do trabalho para as famílias envolvidas na pequena mineração”.
Sobrinho acrescenta que a atividade mineira sem planejamento
tem causado, além de sérios prejuízos ambientais, grandes impactos sociais,
somados à problemas de saúde da população envolvida, essencialmente devido ao
descumprimento da legislação. Ele continua: “os garimpeiros, pelo fato de
trabalharem na total clandestinidade, pelo baixo nível de escolaridade, por
nunca terem se organizado em cooperativas, não participarem de programas de
capacitação técnica, desconhecem completamente os prejuízos causados pela baixa
produtividade da lavra mineral predatória. É notório as relações desfavoráveis
entre os pequenos mineradores e atravessadores na comercialização do produto ao
longo de décadas, que paga preços irrisórios pelo minério na boca da mina, e
repassa a preços de mercado para as indústrias de beneficiamento”.
Assim, o que se observa nas jazidas da região, é o rejeito da
mineração ser descartado em áreas adjacentes aos garimpos sem nenhuma seleção
de material, sem cuidado para evitar que venham a ser carreados pelas
enxurradas encosta abaixo, provocando o assoreamento de córregos, rios e
barragens à jusante. É importante citar a emissão de particulados provenientes
das frentes de lavra, ocasionadas pelo desmonte da rocha, utilizando-se de
ferramentas rudimentares ou explosivos, modificando a qualidade do ar, sem uso
de EPIs, comprometendo a segurança no trabalho, gerando acidentes e problemas
de saúde irreversíveis, principalmente, principalmente mutilação de membros e
contração da silicose pelos garimpeiros".
Trecho do livro "Picuí do Seridó: Século XX (1900-1950),
com lançamento previsto para novembro de 2014.