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Imagem da internet: Cristo morto pregado na Cruz um dos símbolos do Cristianismo católico |
Aos 17 anos, Renato Afonso Alves se prepara para ingressar no seminário. A vontade de ser padre, segundo ele, surgiu há 2 anos, quando despontaram os primeiros sinais da vocação. O futuro que Renato almeja é fortemente apoiado pela Igreja Católica, que enfrenta uma crise de vocacionados no país, segundo afirmou o arcebispo dom Pedro Brito Gonçalves, representando a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Encontrar jovens que queiram seguir o sacerdócio virou 'artigo de luxo' na Igreja Católica. Segundo levantamento da CNBB, o Brasil possui 5.570 municípios e 10.720 paróquias – o que representa um seminarista por município e metade de um seminarista por paróquia. A conta que não fecha preocupa as autoridades religiosas, que falam em um 'esfriamento de vocações'. Na área da Arquidiocese da Paraíba (onde há 91 paróquias e 132 padres) a proporção é de 1,4 padre para cada paróquia, o que coloca o Estado em uma situação um pouco mais confortável. A última ordenação aconteceu há oito meses e outra deve ser realizada até o final deste ano.
No caso de Afonso, a escolha é cercada por dúvidas, conforme ele relatou. Vindo de família católica, o rapaz disse que está disposto a abrir mão de muitas coisas para realizar o sonho de ser padre. Na lista de renúncias estão o curso de ciências biológicas, para o qual foi aprovado no ano passado, e o namoro, que terminou recentemente.
Ele contou que ouviu muitas críticas quando contou para os amigos que queria ser padre. “A princípio me criticaram bastante, lembro que diziam que eu não poderia ser sacerdote.
Algumas pessoas até ficaram com raiva de mim, mas eu aprendi a ser forte para enfrentar tudo isso. Hoje eles aceitam sem problemas e até me incentivam”, declarou Afonso, que desde o início contou com o apoio da família.
Com Iury Régis, 23, o despertar da vocação surgiu quando ele ainda era criança. “Cada vez mais fui alimentando esse desejo", destacou. Ele se prepara para entrar no seminário e no momento frequenta os encontros vocacionais. Pela batina, o estudante vai largar o curso de Direito e abandonar a possibilidade de uma carreira jurídica promissora.
Segundo dom Pedro Brito, o discurso vocacional na igreja deve, em primeiro lugar, recuperar sua dimensão cristocêntrica. “Em momentos de crise e de incompreensão da pessoa e do ministério do presbítero, é decisivo um olhar atento para a vocação de Jesus”, afirmou. Ele disse, em artigo publicado recentemente no site da CNBB (www.cnbb.org.br), que são vários os motivos que explicam a crise vocacional, sobretudo a diminuição do número de filhos por família e as muitas opções vocacionais que os jovens têm hoje, “empurrando para o último lugar a opção para os ministérios ordenados e a vida consagrada”.
Os jovens que desejam ser padres precisam cumprir uma série de requisitos: ter o ensino médio completo, ser maior de 18 anos (ou completar a maioridade até o final do encontro vocacional) e ser direcionado por algum padre da diocese.
Precisa também ter o mínimo de engajamento na igreja e na comunidade, como membro da liturgia, catequista ou coroinha, por exemplo.
O processo é longo e muitos seminaristas desistem no meio (ou no fim) da caminhada. Primeiro eles passam um ano no encontro vocacional, depois vão para o propedêutico e só após essas etapas chegam ao seminário propriamente dito, onde passam três anos estudando filosofia e outros quatro estudando teologia. Em seguida, vem o ano pastoral, também chamado estágio pastoral. Depois ficam à espera do chamado para a ordenação. Só então se tornam presbíteros, ou padres, como é mais comum dizer. A palavra final é do arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto.