Juiz afastado na PB levava processos para advogados no próprio carro - Jornal Diário do Curimataú
Juiz afastado na PB levava processos para advogados no próprio carro

Juiz afastado na PB levava processos para advogados no próprio carro

COMPARTILHE
G1 PB

Tribunal de Justiça publicou acórdão do julgamento nesta terça-feira (16).
Segundo acórdão, magistrado decidia processos em escritórios de advogados


O Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) publicou nesta terça-feira (16) o acordão do julgamento que determinou o afastamento das atividades do juiz Mário Lúcio Costa Araújo, que é suspeito de participação em um esquema de fraudes em empréstimos consignados. De acordo com o documento, o magistrado, que atua nas cidade de Picuí e Barra de Santa Rosa, teria uma relação muito próxima a advogados e teria sido visto várias vezes levando processos em seu carro para os escritórios destes profissionais.
A decisão pelo afastamento do juiz foi tomada na última quarta-feira (10) durante sessão do Pleno do Tribunal de Justiça. O tribunal também decidiu pela instauração de processo administrativo contra Mário Lúcio Costa Araújo. O caso foi mostrado em reportagem do Fantástico no dia 16 de junho.
Em várias trechos do acórdão constam detalhes de como eram as ligações do juiz com advogados. Conforme o documento do Tribunal de Justiça, o juiz fazia visitas frequentes ao escritório de um advogado na cidade de Araruna  “para onde pilhas de processos eram encaminhadas e descarregadas, com utilização de veículo de uso pessoal do magistrado”.
De acordo com o depoimento da promotora da comarca de Araruna, Ana Maria Poderdeus, presente nos autos, além de levar os processos, o juiz tomava as decisões em um escritório de advocacia. “Fato que justificava a presença quase diária do juiz supramencionado ao escritório do dito advogado entre os anos de 2010 e 2012”, diz trecho do acórdão.

O afastamento de Mário Lúcio Costa foi pedido pela corregedoria do Tribunal de Justiça, após terem sido feitas denúncias contra ele. O magistrado fica fora do cargo até que se concluam as investigações do processo administrativo.

Entenda o caso
Segundo a investigação, um grupo específico de advogados convencia as vítimas a entrar com ações na Justiça contra os juros que eram cobrados pelos bancos em empréstimos consignados e tinham ganho de causa, por meio de liminares. No entanto, os advogados convenciam as pessoas a fazer um novo empréstimo. Com o dinheiro desse novo contrato, os advogados eram pagos e a pessoa ficava com duas dívidas.

A investigação nas comarcas de Picuí e Barra de Santa Rosa teve início após a corregedoria do Tribunal de Justiça desconfiar da quantidade de ações revisionais de contrato de consignação, cerca de 2 mil, que estavam tramitando nas duas cidades. Nelas, os clientes das instituições financeiras alegam taxas abusivas de juros e pedem a suspensão do contrato de empréstimo e depois ganham o direito de fazer um novo financiamento. As liminares eram sempre concedidas pelo mesmo juiz, Mário Lúcio Costa Araújo.