![]() |
Para o xeque Jihad Hammadeh,
já existem sinais claros de que o fim
vai chegar
|
Uma interpretação do calendário dos maias, civilização
antiga e desenvolvida que ocupou áreas das américas Central e do Norte por mais
de 3,5 mil anos, levou muita gente a acreditar que o mundo acabaria amanhã.
Tamanha foi a repercussão que o Vaticano e até a Nasa, a agência espacial
norte-americana, apressaram-se em soltar comunicados desmentindo o apocalipse
iminente.
O DIÁRIO ouviu lideranças de diferentes religiões sobre o
fim do mundo. Todas concordam que o fim do mundo vai chegar e muitas
dizem que este dia chegará inevitavelmente.
“Tudo tem um fim. A Bíblia diz que a existência física é
passageira, inclusive o planeta Terra um dia deixará de existir, mas não há
menção nas escrituras sobre quando o fim chegará”, afirma o padre
Tarcísio Mesquita. Segundo o representante da Igreja Católica, seitas e
movimentos apocalípticos existiam desde o tempo de Jesus para semear o medo e
dominar povos.
Para o xeque Jihad Hammadeh, porta-voz da comunidade
islâmica do Brasil, já existem sinais claros de que o fim vai chegar, mas não
será amanhã. “Fatos como as guerras, a mentira e o crescimento dos adultérios
são alguns exemplos”, aponta. Para Hammadeh, o sinal mais evidente da morte de
toda a humanidade será facilmente reconhecível. “Vai chegar o falso messias, o
anticristo, que será rico, poderoso e influente e não terá o olho direito.
Depois disso, outros nove sinais aparecerão até o juízo final.”
ciclo infinito/ Para budistas e espíritas, o mundo pode
mesmo acabar, mas daqui a muito tempo. Segundo eles, tudo na vida é transitório
e sujeito a transformações. “Tudo o que começa, inevitavelmente termina. A vida
está sendo transformada a cada dia. Civilizações acabam e dão lugar a outras”,
reflete a monja Coen, da Comunidade Zendo Brasil.
“Para os espíritas, nada é definitivo e tudo está em
permanente transformação. Não acreditamos no juízo final, não acreditamos em
punições eternas. A cada encarnação o homem evolui rumo à perfeição”, opina
Miguel de Jesus Sardano, presidente do Centro Espírita Doutor Bezerra de
Menezes de Santo André , no ABC.
Especialista nega que povo maia previu apocalipse
De acordo com o arqueólogo Alexandre Navarro, professor da
UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e pós-doutor em arqueologia pela
Unicamp, os maias não previram o fim do mundo para o dia 21 de dezembro de
2012. “A verdade é que o principal calendário maia, que tem duração de 5.126
anos e começou no ano 3114 a.C., termina em 2012, mais propriamente no dia 21
de dezembro. Mas os maias diziam que, nesta data, chegaria o deus Sol, sua
maior divindade. A vinda dele significaria algo bom e não a destruição da raça
humana”, afirma o especialista em cultura maia, autor do livro “As Religiões
que o Mundo Esqueceu” (Editora Contexto).
Navarro diz que os maias tinham não só um calendário, mas
vários. Um era específico para a colheita, outro servia para as festas religiosas
e havia mais calendários com finalidades diferentes. “Eles usavam mais de 30
calendários. A concepção de tempo para essa civilização era cíclica. Quando um
calendário acabava, era zerado e imediatamente recomeçava o ciclo”, diz.
Segundo Navarro, a civilização maia perdurou de 2000 a.C.
até 1519 d.C., quando terminou de ser dizimada pelos colonizadores espanhóis.
“Era um povo muito organizado e complexo, capaz de desenvolver escrita própria.
Por volta do século 9 havia cidades maiores do que Londres e Paris, com mais de
80 mil habitantes.”
Terra