O relatório sobre a confiança da população na Justiça,
elaborado pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV),
mostrou que 63% dos brasileiros estão pouco ou muito insatisfeitos com a
atuação da polícia. O percentual de insatisfação foi maior entre os mais
pobres, 65%, e ficou em 62% entre os mais ricos.
"É um dado alarmante, principalmente se considerarmos
os últimos acontecimentos envolvendo o assassinato de policiais e diversas
pessoas na periferia [de São Paulo]", disse Luciana Gross Cunha,
professora da FGV e coordenadora do Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil).
A pesquisa também traz o Índice de Confiança na Justiça que,
no segundo e terceiro trimestres deste ano, registrou 5,5 pontos, considerando
uma escala de 0 a 10. O índice é obtido com base em casos concretos, como
quando o cidadão recorre ao Judiciário para resolver conflitos. O indicador
leva em conta a opinião da população em relação à celeridade, honestidade,
neutralidade e custos de acesso à Justiça.
Segundo a pesquisa, o Judiciário é considerado moroso para
90% dos entrevistados, por solucionar os processos de forma lenta ou muito
lenta. Além disso, 82% das pessoas consideram alto ou muito alto os custos de
acesso ao Judiciário e 68% acreditam ser difícil ou muito difícil usar o
sistema. Outro dado revela que 64% dos pesquisados avaliam o Judiciário como
nada ou pouco honesto, e 61% nada ou pouco independente.
No ranking das instituições mais confiáveis, as Forças
Armadas lideram com 75% das opiniões, seguida pela Igreja Católica (56%),
Ministério Público (53%), grandes empresas (46%), imprensa escrita (46%),
governo federal (41%), polícia (39%), Poder Judiciário (39%), emissoras de TV
(35%), vizinhos (30%), Congresso Nacional (19%) e partidos políticos (7%).
Foi avaliada também a confiança em relação a determinados
grupos do convívio social. A família ficou em primeiro lugar, obtendo a
confiança de 89%, seguida por colegas de trabalho (34%), vizinhos (30%) e, em
último lugar, pessoas em geral (21%).
A pesquisa ouviu 3.300 pessoas no Distrito Federal e em sete
estados (Amazonas, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e
Rio Grande do Sul), no segundo e terceiro trimestres do ano.
Agência Brasil