Em discurso na posse da nova diretoria do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva atacou nesta quarta-feira (13) seus adversários políticos ante ao
crescimento das denúncias envolvendo seu governo. O ex-presidente fez um longo
discurso diante de metalúrtgicos na entidade onde iniciou sua carreira
política, mas evitou dar entrevista.
“Só existe uma possibilidade de eles me derrotarem. É
trabalharem mais do que eu. Mas se ficar um vagabundo, numa sala com
ar-condicionado, falando mal de mim, vai perder", disse, sem fazer
referência direta a uma pessoa ou situação.
A declaração foi feita um dia após ele receber o apoio de
oito governadores na sede do Instituto Lula, que prestaram solidariedade ao
ex-presidente.
"O que mais machuca os meus adversários é o meu
sucesso. Eu às vezes compreendo a mágoa deles. (...) Tem gente que olha na
minha cara e pensa que eu sou burro. Eu tenho um pouco de inteligência e
consigo compreender o jogo que eles fazem", disse.
O ex-presidente lembrou que elegeu a presidente Dilma
Rousseff e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, e prometeu voltar a
percorrer o país em 2013 para ajudar o PT a conquistar mais espaço.
"Não se preocupem com os ataques. Há uma razão para
isso. Em 2010, quando elegemos a Dilma, a Dilma era um poste. Então, vencemos.
Agora, quando apresentamos o Fernando Haddad aqui, era outro poste. Vencemos.
Eu fiquei um ano fora da presidência. Eu tinha uma meta que era deixar a
companheira Dilma construir a sua cara de semelhança da presidência, viajei
para 36 países no primeiro ano. Depois, em outubro, fiquei um ano debilitado.
Se eles não me pegaram quando minha barba não existia, agora que eu estou
deixando ela crescer novamente vai ser muito difícil, porque no ano que vem
estarei, para alegria de muitos e para tristeza de poucos, voltando a andar por
este país."
O ex-presidente também quer reforçar a aliança entre os
partidos de esquerda. "Eu vou voltar a andar pelo Brasil porque acho que
nós ainda temos muita coisa para fazer pelo Brasil. Nós temos que ajudar cada
vez mais a presidenta Dilma a fazer cada vez mais por este país. Nós temos que
ganhar ainda muitos governos de estado, muitas prefeituras, temos que ganhar
muita coisa. Temos que trabalhar forte para manter a aliança de esquerda neste
país: PT, PCdoB, PSB e PDT. Trabalhar com os setores progressistas da
sociedade."
Lula citou conquistas na área da educação e habitação para
apontar diferença entre sua gestão e a dos antecessores. "Como eles
previam o meu fracasso, eu era o próprio Titanic, eles não perceberam a
construção que nós fizemos."
Encontro com governadores - Na terça-feira (18),
governadores de oito estados reuniram-se com o ex-presidente no Instituto Lula,
em São Paulo, para defender o ex-presidente. Eles consideram haver uma
tentativa de estender a Lula a investigação sobre o mensalão e se encontraram
com o petista para prestar solidaridade. A reunião contou com os governadores
Jaques Wagner (PT-BA), Tião Viana (PT-AC), Camilo Capiberibe (PSB-AP), Cid
Gomes (PSB-CE), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Silval Barbosa (PMDB-MT) , Agnelo
Queiroz (PT-DF) e até mesmo o tucano Teotônio Vilela (PSDB-AL).
"Estava entre companheiros, sou amigo pessoal do
presidente Lula e o estado de Alagoas é muito grato à postura republicana,
solidária e parceira que o presidente teve com o estado em obras de
infraestrutura, sociais. Vim como pessoa, como amigo e como governador dar um
abraço de solidariedade", disse Vilela.
Questionado se sua presença causaria um mal-estar no momento
em que a oposição pede que as denúncias sejam investigadas, Vilela disse
acreditar que não. "Não sei, creio que não. Independentemente de
ideologia, partido político, nós estamos em torno de um tema que venham pacificar,
que venham construir." O governador também disse que Lula não falou sobre
mensalão. "Não é uma denúncia de Marcos Valério que vai desmanchar o
trabalho que foi feito", afirmou o tucano.
G1