
Variedade na bebida não é problema: cascas de cajueiro-roxo
e aroeira, unha de gato, alecrim, angico, arruda, eucalipto, jurema, mastruz,
romã, nó-de-cachorro, cumarú, babosa e barriguda são apenas alguns dos muitos
ingredientes que combinados e adicionados à água e outros solventes, como
vinho, cachaça e uísque, podem ajudar no combate a
enfermidades que começaram a
ser tratadas antes mesmo do aparecimento dos remédios sintéticos. É o que
aponta o professor, farmacêutico e especialista em Botânica Ivan Coelho Dantas,
que pesquisa a ação das garrafadas e aponta a eficiência dos compostos.
“Todas as garrafadas têm atividades farmacêuticas, elas
devem ser encaradas como medicamentos. Tomadas na hora certa, na quantidade
certa, elas vão ajudar a curar vários tipos de doenças.
Por falta de assistência médica, a população recorre à
alternativa das preparações caseiras e isso dá certo há séculos. É uma cultura
que passa de geração para geração e tem que ser valorizada. Às vezes ela pode
até nem fazer efeito, mas quantos medicamentos de farmácia também não funcionam
ou apresentam efeitos colaterais indesejados?”, questionou o docente da
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
E foi nesse universo de fé e experiências com a natureza que
Inácia Firmino, 70 anos, sendo 58 deles dedicados ao convívio entre plantas e
raízes, passou sua vida para se transformar em uma espécie de doutora-raiz. Em
sua banca na Feira Central de Campina Grande desde a década de 1960, ela
comercializa as garrafadas e tem dezenas de ingredientes que, segundo ela,
quando combinados, têm o poder de, além de curar doenças, ajudar até a gerar
uma vida. “Se a mulher tem dificuldade de engravidar, aqui a gente tem um
remédio que limpa todo o sistema reprodutor e ela vai conseguir ter um filho”,
prometeu dona Inácia.
Ao longo das décadas, a aposentada testemunhou diversas
histórias de cura de problemas de saúde, como a da comerciária Júlia Oliveira
de Sousa, 44 anos, que há dois foi diagnosticada com um cisto no ovário e que
aproveitou para tomar a garrafada que deu para a filha tratar o corrimento
vaginal e se surpreendeu com o resultado. “Minha mãe foi quem indicou que eu
comprasse a garrafada para minha filha.
Quando o problema dela acabou, eu
descobri que tinha um cisto no ovário. Aí a primeira medida foi tomar a bebida
das raízes e um mês depois eu fiquei boa”, garantiu Júlia.
Fonte: Jornal da Paraíba