Se você odeia matemática, isso realmente pode acontecer. De
acordo com um novo estudo, a simples perspectiva de ter que resolver um
problema matemática pode fazer com que centros de dor no cérebro sejam
ativados, em pessoas com fobia de números.
Pesquisadores da Universidade de Chicago, nos Estados
Unidos, mediram a atividade neurológica de 28 adultos - 14 deles com alta
ansiedade em relação a matemática. Cada um dos voluntários recebeu uma série de
questões de matemática e linguagem, enquanto seu cérebro era examinado por
máquinas de ressonância magnética.
Resultado: os mais ansiosos, quando viam um problema
matemático, tinham suas ínsulas posteriores e córtexes cingulados - as partes
do cérebro que registram dor e ameaças ao corpo - reagiram como se os
voluntários tivessem queimado a mão no forno. O outro grupo, formado por voluntários
sem problemas com matemática, não teve esse tipo de resposta.
Além disso, conta um dos
coautores da pesquisa, o psicólogo
Ian Lyons, "a ansiedade acontecia durante a antecipação da tarefa. Quando
os voluntários faziam os problema, eles não pareciam sentir dor. O que sugere
que não é a matemática em si que é dolorosa; é pensar nela que dói."
Estudos anteriores mostraram que eventos psicologicamente
estressantes -- como o fim de um relacionamento -- pode causar desconforto
físico. Este estudo, publicado no periódico PLOS One, pode ser o primeiro que
mostra que apenas a antecipação sozinha pode ser registrada no cérebro como
dor.
"É uma interpretação puramente psicológica," diz
Lyons. "Matemática é apenas um conjunto de números em uma página - ela não
machuca de verdade". Mas, explica, "pessoas com alta ansiedade em
relação a matemática têm baixo desempenho em qualquer tarefa relacionada, como
exames para entrar na universidade. E elas tendem a evitar profissões em que
precisam usar números".
Lyons acredita que esse tipo de resposta tem mais a ver com
as experiências individuais do que um fator genético, já que conceitos
matemáticos são uma invenção humana recente, e diz que sua descoberta pode ser
aplicada a outros problemas. "Eu não me surpreenderia de ver esta reação
generalizada em outras fobias -- medo de altura, por exemplo -- ou outros tipos
de ansiedade".
E como aliviar essa "dor matemática"?
"O primeiro passo é superar a ansiedade," diz
Lyons. E este é um caso em que a prática não leva à perfeição: "fazer
pilhas de exercícios de matemática não é uma boa ideia. É melhor achar uma
maneira de ficar confortável com a idéia dos números".
National Geographic